quinta-feira, 3 de maio de 2007

Seres Volitivos


vo.li.ção

sf (lat volitione) 1 Psicol Processo pelo qual a pessoa adota uma linha de ação; atividade consciente que visa a um determinado fim manifestada por intenção e decisão.

Mergulhados em um mundo repleto de apelos, mundo que nos identifica como seres, ou pelo menos busca, ludicamente, fornecer uma realidade material, hermeticamente fechada e empiricamente provada pelo viés da especulação e pelos devaneios e insights dos líderes de opinião, nos vemos num dilema que é sufocado pela falsa sensação de liberdade: somos seres essencialmente volitivos?
Os mais céticos ou crentes, dependendo do ponto de vista, podem dizer que nossas tendências naturais e nossa formação conjugam de maneira tal que as possibilidades de escolha são reduzidas e o processo de decisão é profundamente afetado, ao ponto de acorrentar o que julgamos ser o livre arbítrio. Possuímos anseios, desejos, vontades que prefixamos com pronomes possessivos e que geram criações e sonhos que abastecem as nossas energias na jornada em busca pela realização.
Não há como negar que agentes externos nos influenciam, mas será que internamente existe condição ideal? Gravidade zero? Somos seres livres? Somos realmente capazes de alcançar essa isenção adentrando no mais profundo do nosso ser e ficando, assim, alienados do mundo que nos cerca? E se isso for possível, será que seremos capazes de transformar nossa subjetividade? Será que encontraremos um vácuo ou alcançaremos a paz ao entrarmos em consonância com a nossa essência?
Pensar assim me parece assustador a partir do momento que percebo o emaranhado que somos e a que ponto estamos infectados e dominados por algo incrustado em nós. Pecado. Encontramos por todos os lados, uma distorção da nossa condição inicial, condição essa que não experimentamos até então. Reféns de nós mesmos, não somos seres independentes. Esses anseios gritam, não há inércia. Agimos, corremos, e enquanto isso são liberadas substâncias que nos agitam, frisson, nos motivam, o ópio. E seguimos... refletir dói, reconhecer é retroceder nesse mundo no qual parecer pode ser ser e o ser é questionável. Brincamos e brindamos, sujeitos à nossa própria sorte. Somos breves. A incerteza nos faz ser intensos, a intensidade pode ser perigosa e quase sempre condenável. Somos volitivos? Acreditar que sim nos conforta.
Dizem que, na verdade, somos metamorfose. As águas são outras, mas mais uma vez estamos de volta ao mesmo rio. Precisamos desaguar, precisamos nascer, precisamos de manutenção, deixar as coisas em ordem, essa parece ser a razão e o objetivo. Segurança. Não a encontramos em nós, então fingimos, representamos e os aplausos nos conduzem pelo doce caminho do onírico, onde transitamos para não sermos consumidos pelo real.
Somos volitivos? Somos escravos. Somos livres... Decida! Ficar em cima do muro revela fraqueza. Seja forte. Reaja! É preciso emitir juízo de valor... É simples, basta passear pelo sortido mercado das opiniões. Sofisticadas ou simples, todas elas enlatadas, disponíveis pelo preço que você puder pagar. Todas questionáveis, mas não diga isso... Não perca tempo, apenas decida, ou seja levado pela multidão entretida. Precisamos acabar com essa angústia, é preciso acreditar em qualquer verdade.
Precisamos de propósito, existe um vazio que ninguém pode negar. Fomos criados. Pecado, Justiça, Juízo, esse é o nosso destino. Convencimento... Estamos cegos, surdos, mas não mudos, e falamos, falamos, falamos, loucuras, já roucos.
O despertar vem pelo Espírito Santo. Milagre. Conversão é salvação. Graça, quão maravilhosa é, imensurável, humanamente incompreensível. Volitivos? Escolhemos, mas não mudamos a rota. A passos largos para a condenação rejeitamos a graça. Glórias a Deus por nos salvar, por nos resgatar, por nos libertar, por decidir por nós. “Não escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (João 15:16). Soli Deo Gloria.

Hélvio Sodré

4 comentários:

Bruno Santos disse...

A fraqueza humana, se desfaz diante da imensa graça do Criador, que toma uma atitude, quando nós não a tomamos, e nos resgata de nosso próprios erros... Não que nos manipule, mas nos constrage com seu amor, a não fazermos nossa vontade e sim a sua: De sermos eternamente seus em e por Cristo Jesus!

Deus te abençoe Hélvio e continue sendo pena de Deus por quem Ele está escrevendo a Historia!

Bel disse...

Parabéns pela refexão, continue usando esse dom que Deus te deu para despertar e abençoar vidas!!! Bjus...

Raphael Rap disse...

Caramba, cara muito bom o teu texto...

Muito bom mesmo, a volição humana é o motivo para a parada de mudança...

Tô te add nos favoritos blz?

Ah sim, tenho uma opinião sobre essa questão cultural que foi de certa forma abordada por ti, se puder dar uma lida depois:
http://rapensando.blogspot.com/2006/07/absolutismo-relativo.html

Unknown disse...

e ae mlk....
acabei lendo essa eternidade de texto... Nao sei se foi eu q escolhi ler oi foi Deus q me fez ler, enfim, mto bom esse texto "meio" calvinista...heheheehe

abraçao man!